3/18/2008

Fim do 2.º período lectivo...

Finalmente chegou a interrupção lectiva da Páscoa. Sinto-me pleno de exaustão... mental e física! O meu corpo pede descanso e a minha mente quase não se contém dentro do meu crânio. Não consigo concentrar-me tal é a diversidade de informações, comentários, documentos e confusões que influenciam os meus órgãos dos sentidos, de uma forma esmagadoramente stressante. Reconheço que a docência na sua plenitude pedagógica e didáctica não me cansa tanto como a vertente burocrática. Detesto tanta burocracia... Claro que alguns documentos são imprescindíveis, mas... Imensas árvores abatidas, para quê? Quase ninguém lê, aquilo que tão cuidadosamente escrevo. Aliás, só se lê algum documento, se por um acaso do destino, um encarregado de educação, resolver que o professor é responsável pelo insucesso do aluno.

Para além disso, de ano para ano, deparo-me com cada vez mais documentos que apenas representam um meio para atingir "vício de forma". Por vezes, uma cruz no sítio errado, ou a ausência de uma expressão (ou presença dela) é motivo para um rol de problemas. E mesmo, extenuado, lá vou tentando não falhar no preenchimento de documentos de avaliação, na redacção de documentos próprios ou mesmo naquilo que "declamo" e que faço questão que conste em acta.

Reunião de 2 horas... seguida de mais uma reunião de 2 horas... seguida de um intervalo para almoço de 45 minutos... seguido de mais uma reunião de 2 horas... seguida de mais uma reunião de 2 horas... seguido de um intervalo de 1 hora para jantar... seguido de aulas no ensino recorrente nocturno... Foi assim o meu dia de ontem! E o de hoje, iniciou da mesma forma às 8h30m e só terminou às 13 horas! E nem sequer começamos com a avaliação do desempenho docente. Nem consigo imaginar como será o meu futuro docente, quando a estas reuniões, juntar as reuniões para a minha avaliação.

E no meio disto tudo, a única coisa que me fica no final do dia é esta pequena estória que vos vou contar:

Quando leccionei em Massamá, e no final do 3.º período (creio eu), fui chamado de urgência ao Conselho Executivo.

Quando entrei no gabinete, estavam todos os membros do Executivo com um ar muito sério a olhar para mim. Pensei que tinha feito asneira... Da grande! Mas, quando me preparava para me sentar na cadeira em frente à secretária da presidente, ela disse-me: "A mãe do aluno x, ligou para a escola e quis falar comigo sobre ti. E sabes o que ela me disse?"

Nem me cheguei a sentar... Respondi que não, meio a "medo".

Continuou a presidente: "Disse-me que gostava de dar os parabéns à escola pelo excelente profissional que tu eras".

Esboçei um sorriso, não me conti de felicidade... Reconheço que os meus olhos encheram-se de lágrimas, e no meio do meu orgulho transmontano, tentei disfarçar. Mas era demasiado óbvia a minha emoção. Um dia que nunca mais vou esquecer e que dificilmente se irá repetir...

É esta a recordação que me faz suportar aqueles dias mais cansativos... É esta a recordação que não me deixa esquecer o orgulho que tenho em ser professor...

2 comentário(s):

Anónimo 19 de março de 2008 às 10:46  

Afinal é essa a avaliação que mais importa, o reconhecimento dos mais directamente interessados(alunos e pais), no nosso trabalho.
Até eu me emocionei ao ler este episódio,que espero se repita muito mais vezes.
Na maioria das vezes, só levantamos a nossa voz para criticar o que está mal, raramente nos lembramos de enaltecer o que de bom as pessoas são capazes.
Já agora aproveito para elogiar e agradecer o excelente trabalho que faz neste site.
OBRIGADA e bom descanso.

Ricardo Montes 9 de abril de 2008 às 09:12  

Acho que até nós professores, no meio das nossas críticas, não conseguimos reconhecer algo positivo... Mesmo quando isso está à frente do nosso nariz.

Agradeço o teu comentário.

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