Sem volta possível...
Perdi as esperanças numa eventual mudança positiva do sistema educativo em Portugal. Sinto-me derrotado nos meus sonhos profissionais de uma escola melhor do que aquela que frequentei nos meus tempos de catraio. Pelo contrário, aquilo que verifico é uma degradação total do sistema de ensino. A única “melhoria” são os inúmeros portáteis que populam nas escolas e que são genericamente utilizados pelos alunos, para tudo menos para estudar ou fazer trabalhos.E o panorama piora a um ritmo diário… Agressões semanais contra professores, as declarações “anti-chumbo” da ministra, os sindicatos conformados com a sua aparente impotência, a indesmentível desmobilização dos professores, a sobrecarga legislativa, as previsíveis 25 horas de componente lectiva, a redução no n.º de centros de formação, as acções de formação pagas ao preço do litro de gasolina, a cada vez maior precaridade laboral, a sobrecarga de funções, etc.
E a piorar o já de si, grave panorama, ainda temos os lacaios (subservientes a um nível irreal) que acatam sem contestação todas estas mudanças, tentando de forma tenebrosa “quebrar” o espírito daqueles que contestam este novo modelo educativo. Tenho de admitir que a figura do director, atemoriza-me… Demasiado, se pensar que alguns presidentes de conselhos executivos são já prepotentes e ainda não possuem a força legislativa da nova gestão escolar.
O futuro também não augura nada de positivo. Nenhum governo eleito, irá desfazer o que já foi feito. São medidas convenientes para as estatísticas. Para as estatísticas de qualquer cor partidária. E quem pensa que o PS não “ganha” as próximas eleições, engane-se. Não existem alternativas
3 comentário(s):
O grande problema é esse. Se não mudarmos as coisas com quem já está, e pensarmos que os que vêm irão mudar, estão muito enganados, pois não irão mudar nada. Muito do que foi feito já era defendido pelo PSD. A contestação diminuiu e a força dos cem mil esfumou-se. Honra aos sindicatos...
Sou leitora assídua deste blogue e nunca o senti tão desanimado.
Acredito que a situação seja bem mais difícil para quem está nas escolas e tem que enfrentar todos os dias este "tipo de coisas" que vem acontecendo na educação.
Mas eu não deixo nem deixarei nunca que me digam que sou má educadora.
Se acreditamos no trabalho que fazemos, se sentimos que esse trabalho é útil para os nossos alunos, se temos a nossa consciência tranquila, não podemos baixar os braços.
Certamente, que um dia haverá um reconhecimento, por parte de todos(ou da maioria) da importância do nosso papel na sociedade.
Para concluir deixo aqui uma questão: será que esta falta de reconhecimento não é o fruto de muito comodismo de alguns colegas ao longo dos anos?
FORÇA ProfContratado, é nos momentos difíceis que se reconhecem os grandes Homens!!!
Tn
Olá ProfContratado!
"Habituei-me" a encontrar no Profs Lusos palavras de encorajamento para com os colegas. Agora leio este desânimo e não sei o que dizer. Posso dar os conselhos que eu própria não sei se estou disposta a seguir?
Eu estou a começar, se quizer procurar alternativas ao ensino, o melhor é fazê-lo agora.
Mas tu já dás aulas há alguns anos, já és QZP (infelizmente isso já não é uma grande garantia) e adoras ensinar.
Acho que os que mais vocação têm para o ensino são precisamente aqueles que mais se desiludem com as mudanças nefastas, porque se preocupam com os alunos.
Sei que os que vierem a seguir, sejam estes ou outros, não se preocuparão em remediar o mal que está feito, já não tenho ilusões quanto a isso.
E nós, não conseguimos mudar o rumo do ensino? A desmobilização é evidente, mas os professores continuam muito descontentes.
Não será possível voltar aos protestos, em força, logo no início do próximo ano lectivo?
Já não sei, só sei que assim não pode ser.
Força, ProfContratado! Acredito que o ano tenha sido muito desgastante para quem ama o ensino e viveu todos estes problemas dentro da escola.
Também sei que se não fosse a coragem de muitos que nunca baixaram os braços, estariamos muito pior. Talvez isso seja um fraco consolo, mas temos que continuar a lutar.
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